Seis pontos a ter em atenção ao estabelecer uma 'parceria de negócios' correta para evitar prejuízos
Nos últimos anos, temos visto muitos casos de empresas emergentes, com poucos recursos de gestão como capital e talento, a crescerem rapidamente em poucos anos. A maioria dessas empresas tem conseguido aumentar a sua competitividade num curto período de tempo, através da utilização eficaz de financiamento de capital de risco (VC), fusões e aquisições (M&A), e parcerias de negócios.
Assim, neste artigo, vamos discutir as parcerias de negócios, uma estratégia de gestão que permite às empresas manterem o controlo dos seus negócios enquanto fortalecem as suas operações num curto período de tempo. Abordaremos as vantagens e desvantagens desta estratégia, bem como os pontos a verificar nos contratos de parceria.
O que é uma parceria comercial
Uma parceria comercial é uma forma de colaboração que não envolve a transferência de capital. As empresas fornecem recursos mútuos, como capital, tecnologia, vendas e talento, para aumentar a sua competitividade.
As principais formas de parceria comercial incluem parcerias relacionadas com tecnologia, produção e vendas, embora cada contrato varie dependendo do conteúdo da parceria.
Parcerias relacionadas com tecnologia
Esta é uma parceria que utiliza recursos tecnológicos detidos por outras empresas para o seu próprio negócio. Exemplos típicos incluem contratos de licença que utilizam propriedade intelectual e know-how de outras empresas, e contratos de pesquisa e desenvolvimento conjunto que fornecem recursos tecnológicos e desenvolvem novas tecnologias e serviços em conjunto.
Contrato de licença
Um contrato de licença é um contrato que permite o uso de direitos de propriedade intelectual, como direitos autorais, patentes, e know-how. Existem dois tipos: exclusivo e não exclusivo.
Os principais itens no contrato incluem o produto (campo, item) que permite o uso da propriedade intelectual, o alcance (país/região), o canal de vendas, o período e a taxa de licença.
Para mais detalhes sobre os pontos do contrato de licença, consulte o seguinte artigo.
https://monolith.law/corporate/license-contract-point[ja]
Contrato de pesquisa e desenvolvimento conjunto
Um contrato de pesquisa e desenvolvimento conjunto é um contrato que define os papéis e obrigações mútuas necessárias para uma colaboração suave, bem como o tratamento dos resultados. Os principais itens incluem a divisão de papéis, o custo, a obrigação de confidencialidade, e o tratamento da propriedade intelectual resultante do desenvolvimento conjunto.
Parcerias relacionadas com a produção
Esta é uma parceria que utiliza a linha de produção detida por outras empresas para aumentar a capacidade de produção sem investir em equipamentos. Para a empresa parceira, pode gerar renda ao utilizar uma linha de produção com baixa taxa de operação, por isso é uma parceria benéfica para ambas as partes se as condições forem adequadas.
A parceria de produção é uma das parcerias necessárias para as empresas de start-up com pouco capital. Exemplos típicos incluem contratos de fabricação que subcontratam a produção ou parte do processo de produção de seus próprios produtos, e contratos OEM que fabricam produtos de marca para empresas de vendas.
Contrato de fabricação
Um contrato de fabricação é um contrato que define os itens necessários para a subcontratação de fabricação, como especificações do produto, controle de qualidade, entrega/aceitação, e pagamento. Atrasos na entrega, produtos defeituosos, responsabilidade por riscos e defeitos, e indenização por danos também são itens importantes.
Contrato OEM
Existem dois tipos de contratos OEM: ① o contratado fabrica o produto de acordo com as especificações do contratante, e ② o contratado coloca a marca ou a marca comercial do contratante em seu produto existente. A estrutura do contrato é basicamente a mesma que a do contrato de fabricação, mas itens relacionados à gestão de logotipos, marcas comerciais, desenhos, especificações de produtos, etc., fornecidos pelo contratante são adicionados aos itens importantes.
Parcerias relacionadas com vendas
Esta é uma parceria comercial que visa aumentar as vendas e a quota de mercado, ou expandir para mercados estrangeiros, utilizando recursos de vendas detidos por outras empresas. É uma parceria importante para empresas de start-up centradas no desenvolvimento de tecnologia que não podem alocar recursos para vendas e marketing.
Exemplos típicos incluem contratos de revendedor, onde a empresa de vendas compra produtos do fabricante e os revende em seu próprio nome, contratos de agência, onde eles revendem produtos como agentes do fabricante, e contratos de franquia, onde eles concedem direitos de venda a franqueados.
Contrato de revendedor
Um contrato de revendedor é um contrato que define as regras necessárias desde que a empresa de vendas (revendedor) compra os produtos até que os revende. A distinção entre exclusivo e não exclusivo, a área de vendas, o canal de vendas, a entrega/aceitação, a garantia do produto, o uso da marca, os direitos de propriedade intelectual, e a responsabilidade do produto são itens importantes.
Contrato de agência
Existem dois tipos de contratos de agência: o tipo de intermediação, onde o agente intermedia a venda entre o fabricante do produto e o cliente, e o tipo de venda, onde o agente vende diretamente ao cliente, como um revendedor. A estrutura do contrato varia, por isso é necessário ter cuidado.
Para mais detalhes sobre os pontos do contrato de agência, consulte o seguinte artigo.
https://monolith.law/corporate/agency-contract-lawyer[ja]
Contrato de franquia
Um contrato de franquia é um contrato que define as regras desde que a sede da franquia fornece ao franqueado o direito de venda e os direitos e know-how necessários para a operação em um pacote, até que recebe compensação e royalties do franqueado.
Embora haja muitos benefícios para o franqueado, também há várias obrigações e encargos, por isso é necessário um exame cuidadoso do conteúdo do contrato.
Para mais detalhes sobre os pontos de verificação do contrato de franquia, consulte o seguinte artigo.
Diferença em relação à Aliança de Capital
A Aliança de Capital é uma estratégia que pode assumir três formas: ① investir numa empresa parceira, ② receber investimento de uma empresa parceira, ③ investir mutuamente entre empresas. Comparativamente a uma aliança de negócios mais “seca” em termos de operações, a relação torna-se mais forte e pode-se esperar um efeito de sinergia em termos de gestão e finanças.
O cenário de investir numa empresa parceira (ou receber investimento) é frequentemente observado quando grandes empresas utilizam a tecnologia ou serviços de pequenas e médias empresas para os seus próprios negócios. Para as pequenas e médias empresas, embora possam angariar fundos e prever vendas, existe a possibilidade de perderem a liberdade para expandir os seus negócios, portanto, uma consideração cuidadosa é necessária, incluindo a proporção de investimento.
Além disso, existem outras alianças estratégicas, como a “Aliança de Capital e Negócios”, que envolve investimento, e a “Joint Venture”, que envolve a criação de uma organização independente através de investimento conjunto.
Vantagens da Parceria Comercial
Reduz o tempo necessário para o desenvolvimento do negócio e controla os custos
Ao aproveitar os recursos de gestão que outras empresas já possuem, como tecnologia, know-how, poder de venda e canais de venda, é possível construir uma nova estrutura de negócios em um curto período de tempo e a um custo menor do que se fosse feito de forma independente.
A independência da empresa pode ser mantida
Em parcerias de capital, onde se recebe investimento de outra empresa, a empresa parceira pode ter acesso a informações detalhadas sobre a gestão da sua empresa, e dependendo da proporção do investimento, pode haver a possibilidade de interferência na gestão.
Neste sentido, uma grande vantagem da parceria comercial é que permite que se faça julgamentos de gestão independentes, sem ser influenciado pela empresa parceira.
Se não houver efeito, pode ser facilmente dissolvido
Como a parceria comercial não envolve a partilha de ações e constrói uma relação de cooperação com a outra empresa através de um contrato, se o efeito esperado inicialmente não for alcançado, é possível dissolver a parceria de forma profissional.
Este ponto é particularmente importante no campo da TI, onde novos modelos de negócios estão constantemente a surgir. É possível considerar mudanças ou retiradas de parceiros para responder às mudanças no ambiente de negócios.
Desvantagens da parceria comercial
Risco elevado de fuga de tecnologia e know-how
A parceria comercial é por vezes referida como “Leaning Race” (Corrida de Aprendizagem), pois existe o risco de que a tecnologia, o know-how e as informações da sua empresa sejam aprendidos pela empresa parceira. No entanto, do ponto de vista oposto, isso também pode ser uma vantagem, portanto, é necessária uma avaliação global.
Existe o risco de terminação da relação de parceria
Na parceria comercial, que é construída através de contratos, existe sempre o risco de ser terminada por razões como mudanças na política de gestão ou estratégia, absorção da tecnologia e know-how da empresa parceira, ou a falta de resultados da parceria. No entanto, do ponto de vista oposto, isso também pode ser uma vantagem.
Pontos de Verificação do Contrato de Parceria Comercial
Existem vários padrões de parceria comercial, portanto, a forma do contrato também varia. Aqui, explicaremos os pontos importantes de verificação que são comuns a qualquer tipo de parceria, usando um “Contrato de Parceria Comercial” padrão como modelo.
⒈ Objetivo da Parceria Comercial
Artigo ◯ (Objetivo)
A e B, para o desenvolvimento mútuo, utilizarão os recursos de gestão que cada um possui no campo de ◯◯ para desenvolver e comercializar um novo ◯◯ em conjunto. Este é o objetivo (doravante referido como “este objetivo”) da parceria comercial.
O ponto da cláusula do objetivo é esclarecer o objetivo comum que ambas as partes visam na parceria comercial.
É necessário criar uma cláusula que não dê margem a dúvidas sobre o papel que cada um deve desempenhar, o campo de negócios, o produto, tecnologia, serviço, operação, etc., que se pretende.
⒉ Âmbito e Divisão de Trabalho
Artigo ◯ (Divisão de Trabalho)
O âmbito do trabalho da parceria sob este contrato é o desenvolvimento de várias tarefas necessárias para desenvolver e comercializar ◯◯, que serão divididas entre A e B.
2 As tarefas a cargo de A são ◯◯◯◯◯◯
3 As tarefas a cargo de B são ◯◯◯◯◯◯
O ponto é tornar o âmbito do trabalho e a divisão de papéis o mais claros possível, pois várias empresas estão a cooperar para realizar o trabalho.
⒊ Acordo sobre a Distribuição de Custos
Artigo ◯ (Distribuição de Custos)
A e B suportarão os custos de realização das suas respectivas tarefas conforme estipulado no Artigo ◯ deste contrato, e não farão qualquer pedido à outra parte. No entanto, se for determinado que os custos excedem significativamente a previsão inicial, a parte que excedeu deve informar imediatamente a outra parte, e a forma de lidar com a parte excedente será decidida através de discussões sinceras entre A e B.
É possível evitar problemas desnecessários estabelecendo também o tratamento de custos que surgem durante a execução do trabalho, e o tratamento em casos em que o montante excede significativamente a previsão.
Na cláusula de exemplo, ambas as partes estão a suportar os custos, mas se uma das empresas for obter um grande lucro, pode ser uma opção aumentar a proporção de custos suportados por essa empresa.
Se a parceria comercial incluir a operação do negócio, será necessário estabelecer separadamente a “forma de distribuição dos lucros”.
⒋ Cláusula de Confidencialidade
Os quatro itens mais importantes na cláusula de confidencialidade são o âmbito das informações confidenciais, o âmbito da obrigação de confidencialidade, a proibição de divulgação a terceiros e o período de confidencialidade.
Além disso, temos um artigo detalhado sobre a cláusula de confidencialidade no seguinte link.
https://monolith.law/corporate/checkpoints-nondisclosure-agreement[ja]
⒌ Propriedade Intelectual dos Resultados
Artigo ◯ (Direitos de Propriedade Intelectual)
⒈ Os direitos de propriedade intelectual e know-how, etc. (doravante referidos coletivamente como “invenções, etc.”) que surgem no processo de trabalho sob este contrato, e os direitos relativos aos direitos de propriedade intelectual e know-how, etc. (doravante referidos coletivamente como “direitos de patente, etc.”) pertencem à parte a que pertence a pessoa que fez a referida invenção, etc. No entanto, se as informações confidenciais da outra parte estiverem incluídas na referida propriedade intelectual, serão co-propriedade de A e B.
⒉ Os direitos de patente, etc. que surgem de invenções, etc. feitas em conjunto por pessoas pertencentes a A e B serão co-propriedade de A e B.
⒊ A e B podem implementar por si próprios os direitos de patente, etc. relativos à co-propriedade sem o consentimento e pagamento à outra parte.
⒋ Se A e B concederem a um terceiro o direito de implementar normalmente os direitos de patente, etc. relativos à co-propriedade, devem discutir e decidir antecipadamente com a outra parte sobre a permissibilidade e as condições, etc. se forem conceder.
Em relação à propriedade dos direitos de propriedade intelectual, pode-se considerar um acordo para transferi-los para a empresa que é a principal do negócio, mas é importante decidir em consulta com o departamento de gestão, pois isso afetará o negócio futuro.
Além disso, se os “direitos autorais” estiverem incluídos nos direitos de propriedade intelectual, existem direitos específicos de direitos autorais, como direitos morais do autor e direitos de tradução e adaptação, por isso é necessário estabelecer cláusulas separadas.
⒍ Cláusula de Proibição de Transferência de Direitos e Obrigações
Artigo ◯ (Proibição de Transferência de Direitos e Obrigações)
A Parte A e a Parte B não devem, sem o prévio consentimento por escrito da outra parte, transferir para terceiros os direitos e obrigações decorrentes deste contrato, nem os utilizar como garantia ou permitir a sua sucessão.
Existe a possibilidade de a empresa parceira ser adquirida por uma empresa concorrente, mesmo com a cláusula de obrigação de confidencialidade e esta cláusula. Como medida, pode ser estabelecido separadamente que o contrato pode ser rescindido se o controlo for alterado.
Resumo
Explicámos o conhecimento básico necessário para uma parceria de negócios, bem como os seus méritos e deméritos, e os pontos a verificar num contrato de parceria de negócios.
Para as empresas emergentes, uma parceria de negócios é uma oportunidade de negócio, mas dependendo do conteúdo do contrato, pode também acarretar um grande risco.
Para garantir o sucesso de uma parceria de negócios, que pode assumir várias formas, recomendamos que consulte um escritório de advocacia com conhecimento jurídico especializado e vasta experiência.
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